O conceito de saúde separado por áreas é algo que, apesar de ser mais fácil para a compreensão social, só existe na teoria e não deve ser encarado como um fato concreto. Na verdade, a saúde deve sempre ser analisada de forma integral, partindo da ideia de que cada parte do corpo pode influenciar na saúde e bem-estar de outra. É o caso da saúde bucal e mental.

Apesar de ser comum as pessoas não associarem à saúde bucal e mental ou pensarem sobre como elas se relacionam entre si, elas influenciam diretamente uma à outra. E é sobre isso que vamos falar no artigo de hoje.

 

Aumento de cáries e tártaros

Transtornos mentais, como ansiedade e depressão, por exemplo, podem causar prejuízos à saúde bucal, tanto que a incidência de problemas odontológicos é maior em pacientes que possuem algum diagnóstico de transtorno mental.

É comum que, em quadros graves da doença, o simples ato de escovar os dentes pode demandar muita energia para que a pessoa o faça. Ou ainda, a pessoa pode descontar a tensão e estresse roendo as unhas e provocando um desgaste no esmalte dentário.

Há também a questão do isolamento social, que afeta principalmente pacientes idosos e faz com que deixem de cuidar regularmente da saúde bucal. Consequentemente, eles desenvolvem mais cáries e tártaros, podendo evoluir para doenças periodontais e a queda de dentes. Por isso, o cuidado com a saúde bucal e mental deve sempre estar associado.

 

Bruxismo: sintoma de ansiedade e estresse

Entre os sintomas comuns de transtornos mentais relacionados à saúde bucal está o bruxismo. Pessoas com diagnóstico de transtorno de ansiedade generalizada (TAG), burnout, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), por exemplo, podem acabar apresentando casos de bruxismo que, se não tratado, pode causar doenças gengivais, desgaste do esmalte dentário e até mesmo fraturas de dente, algo cada vez mais comum nos consultórios, devido o alto estresse relatado pelos pacientes.

 

Má alimentação em decorrência de transtornos mentais

Já temos textos aqui no blog sobre a influência da alimentação na saúde bucal e dificilmente um artigo nosso não irá citar relação entre os alimentos e o bem-estar odontológico – são áreas muito próximas.

Uma alimentação saudável e equilibrada pode garantir menos riscos à saúde bucal e mais bem-estar. No entanto, é normal que pessoas com transtornos mentais possuam maior descontrole no consumo de alimentos ricos em gorduras e, principalmente, açúcares. Isso, alinhado ao baixo consumo de água e alimentos ricos em nutrientes essenciais para um bom funcionamento do organismo, pode causar uma série de problemas para a saúde bucal.

 

Uma questão de autoestima

O cuidado com a saúde bucal está muito ligado a uma questão de autoestima e bem-estar, não apenas por conta da saúde em si, mas também por motivações estéticas. Sendo assim, é comum que pessoas com cáries, tártaro, dentes amarelados ou até mesmo que tiveram queda nos dentes apresentem maior nível de insegurança e insatisfação com a própria aparência.

Isso, por si só, já afeta a qualidade de vida da pessoa, mas alinhado a um transtorno mental, pode causar agravamento do quadro e maior desesperança em melhora e busca por tratamento, pois a autoimagem acaba por ser distorcida.

Casos assim são mais comuns do que a gente pensa e, por a saúde bucal ser diretamente ligada ao bem-estar e à qualidade de vida, devemos tratá-la como parte essencial para uma boa saúde mental. E por isso, devemos falar desta temática com responsabilidade sempre e trabalhar juntos por mais conscientização sobre.