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Análise Facial para o Clínico: a Visão da Cirurgia Bucomaxilofacial

Qual a primeira coisa que buscamos ao nascer?

UMA FACE.

No momento em que nascemos, com uma visão meio embaçada e sem nitidez, a primeira busca de nosso olhar é um padrão já gravado no nosso cérebro: dois olhos e uma boca.

Ao encontrar esse padrão, teremos uma sensação de tranquilidade e segurança.

Com o tempo, vamos melhorando a visão, a nitidez, o olfato e o tato. E com isso, passamos a reconhecer os nossos pais e diferenciá-los de outros humanos.

O bebê, ao nascer, consegue reconhecer a mãe pela face e pelo olfato. Conforme vai crescendo, o contato ao amamentar permite uma troca de olhares entre ambos.

Com o tempo, a criança começa a espelhar o rosto de outro humano, inclusive suas emoções: o sorriso, a reação de susto, o choro…

Nosso cérebro já nasce programado para buscar e reconhecer padrões, e a face é um deles: dois olhos e uma boca. Um rosto elementar.

Se olharmos qualquer desenho ou estrutura que lembre dois olhos e uma boca, como os emoji (as figurinhas que usamos em mensagens), basta uma fração de segundos para encontrar um rosto em um círculo amarelo com dois pontos um ao lado do outro e uma linha ou curva para enxergar uma face humana. Incrível, não é?

Esta evolução nos leva para pensar em responder uma pergunta: o que nós, dentistas, podemos buscar na face?

Podemos analisar a face com três princípios básicos:

– Proporções

– Simetria

– Projeção

 

Proporção

Cada rosto tem sua peculiaridade, começando pela proporção: quando examinamos o rosto do paciente (que sempre se enxerga de frente no espelho), podemos verificar as dimensões do rosto dividindo-o em partes (por exemplo, em terços) e relacionando suas medidas entre si. O terço superior e terço médio têm medidas de comprimento próximas e o terço inferior (medido da base do nariz até o queixo), em rostos harmônicos e equilibrados, tem a medida levemente maior que o terço médio, com variações.

 

Simetria

Cada lado do rosto pode ser diferente, mas o equilíbrio de um em relação ao outro, ou a simetria (medidas iguais do lado direito comparado com o esquerdo), são elementos que nosso cérebro percebe de forma inconsciente. O que reconhecemos como bonito e equilibrado são rostos com medidas similares na direção horizontal (um lado comparado com o outro) e na vertical (terços faciais equilibrados).

 

Projeção

A projeção do rosto em relação ao crânio, avaliada olhando-se o rosto pelo lado, pode ser medida pela posição do maxilar superior e da mandíbula em relação a testa (região frontal). Se a posição do maxilar estivar avançada ou recuada comparada com a testa, teremos uma face com perfil retrognata (recuado) ou prognata (face com posição avançada da mandíbula comparada com o crânio).

 

A beleza do rosto é retratada na arte de diversas formas. Alguns exemplos clássicos são a estátua da Vênus de Milo e o quadro da Mona Lisa, ambos localizados no Museu do Louvre, na França. Diversos significados e uma riqueza de detalhes destes retratos da face humana demostram a expressão artística do olhar sobre o rosto humano, com suas proporções, sua simetria e sua projeção.

Essas características podem variar de acordo com a etnia e idade do paciente, porém algumas medidas se repetem em rostos percebidos como belos (independentemente da origem da pessoa).

Os dentes e o sorriso têm expressão, detalhes e marcas que se forem avaliadas com critério, manifestam-se de maneira clara: a forma, cor e posição dos dentes, a exposição e cor das gengivas, a curva da posição dos dentes, a altura da região cervical dos dentes, a proporção de tamanho de um dente em relação a outro, a posição da linha média dental em relação a linha média facial, o ângulo e a posição das comissuras dos lábios, a espessura do lábio superior e inferior, e muitos outros elementos que precisam ser analisados com cuidado e atenção.

A face por si deve ser avaliada em suas proporções e curvas: as medidas da altura facial, a largura entre as regiões zigomáticas, as curvas de contorno da mandíbula, a posição do mento e sua relação com o pescoço, o desenho dos lábios e sua projeção comparado com o rosto, a posição do nariz, as curvas dos olhos, os movimentos dos lábios, da pele, dos olhos. Certamente, muitas características e nuances que podem ser analisadas e levadas em conta para um correto diagnóstico do sorriso e da harmonia do rosto com os dentes e a cavidade oral.

Com isso em mente, recomendo para você, colega, e para todos seus pacientes que se sentarem na sua frente que você pode (e deve!) prestar muito mais atenção na face e no sorriso juntos do que apenas olhar e procurar algo nos dentes. Com certeza você, colega, vai poder ajudar o seu paciente a atingir seus sonhos de ter um sorriso e um rosto belo e equilibrado.

Até a próxima!

 

Um abraço, Luciano Engelmann Morais

Cirurgião Dentista e cooperado UNIODONTO

Especialista em Cirurgia Bucal e Maxilofacial